domingo, 30 de junho de 2013

Historia

Existe uma relativa abundância de registros históricos que tratam da trajetória dos povos Tupis a partir da época de seus primeiros contatos com os povos de origem europeia. Antes desse contato, os guaranis não possuíam uma linguagem escrita: toda a sua história estava vinculada a uma complexa forma de transmissão do conhecimento através da tradição oral. 

Do período anterior ao contato com a cultura europeia, sabe-se que eram sociedades descentralizadas de caçadores e agricultores seminômades. Sua alimentação era baseada na caça e coleta, bem como no plantio de diversas variedades de vegetais, como mandioca, batata, amendoim, feijão e milho.

Habitavam casas comunais de dez a dezenove famílias. Como os guaranis modernos, se uniam e organizavam-se em redes de parentesco que compartilhavam perspectivas cosmológicas comuns.
De acordo com o missionário jesuíta Martin Dobrizhoffer, alguns destes grupos praticavam antropofagia.


Nas primeiras décadas do século XVI, quando o processo colonizador mercantilista ainda não havia compreendido com maior clareza a geografia humana nativa no continente sul-americano, os indígenas, que posteriormente seriam chamados, genericamente, de guaranis, eram conhecidos como carijós no Brasil e cariós no Paraguai colonial. O termo guarani, que significa guerreiro, passou a ser empregado a partir do século XVII, quando a ordem tribal já estava bastante esfacelada por mais de cem anos de exploração colonial, para designar um grande número de índios que viviam em aldeamentos pertencentes a grupos falantes de idiomas da família linguística Tupi

Alfabeto Tupi e Pronúncia

Alfabeto Tupi e Pronúncia Como já é de conhecimento de todos os “tupinólogos de plantão”, a definição de uma nova ortografia para a Língua Tupi é um tema que gera sempre discórdia entre as pessoas. Alguns seguem ortografia da época dos Jesuítas, outros “inventam” o seu próprio modo de escrever e, devido a isso, nunca chegamos a um consenso acerca da uniformidade dos modos de escrever a Língua Brasílica. Por isto mesmo, pre tendo sugerir algumas alterações sobre a ortografia mais conhecida, que é a adotada pelo professor Navarro, no livro “Método Moderno de Tupi Antigo”. As letras utilizadas por ele são: A, Ã, B, E, G, H, I, Î, Ĩ, K, L, M, MB, N, ND, NG, NH, O, Õ, P, R, S, T, U, Û, Ũ, X, Y, ỹ. A princípio, não há muito o que se discordar do modo como esse alfabeto foi elaborado. Por isso mesmo é que sugerimos discretas alterações em alguns pontos.

1. A primeira questão é sobre os acentos circunflexos sobre as vogais I e U, indicando que em tal situação, elas se comportam como semivogais. À primeira vista, soa-nos inofensivo mantê-los; porém, quando nos defrontamos com palavras mais complexas, sentimos que há uma certa “poluição visual” tomando conta do texto. Vamos a um exemplo: Gûyragûasupába (aeroporto); mikûasosokába (computador).

2. Para facilitar a escrita e o aprendizado da língua brasílica, sugerimos a abolição da escrita desses circunflexos. Para a antiga letra “Δ, sugerimos que seja grafada como “Ñ” em “ambientes nasais” por motivos de eufonia. Exemplos: îanhe’ẽng se tornaria “ñañe’ẽng.

3. O segundo ponto é acerca da consoante B e a firebird consoante MB. Na primeira, a sua articulação é uma bilabial sonora aspirada, enquanto a segunda é uma bilabial sonora pré-nasalizada (os linguistas de plantão podem me corrigir, se julgarem necessário). Como no primeiro caso, o som produzido assemelha-se mais com um V, sugerimos que seja adotada esta grafia para representar o seu fonema.

4. Quanto ao dígrafo “NH”, sugerimos substitui-lo pela letra “Ñ”. Lembrando que, em ambientes nasalizados, a semi-vogal I também pode sofrer nasalização, e se tornar um “Ñ”.

Regras de Acentuação do Tupi



1. O aceto escolhido para grafar a vogal tônica é o "acento agudo". Mesmo que, eventualmente, o som de algumas vogais ser fechado (como o Ê e o Ô), usar-se-á, por facilidade tipológica, o acento agudo.

2. Levando-se em consideração o fato de a grande maioria das palavras terminadas em E, I, O, U e Y serem oxítonas, convencionamos que a Regra para a leitura das palavras em Tupi é que todas as palavras terminadas em vogal, quando não acentuada, serão consideradas OXÍTONAS. Exemplos: tape (ler-se-á "tapé"), aiko (ler-se-á "aikó"), guyra (ler-se-á guyrá), kobekatu (ler-se-á kobekatú)

3. As palavras cuja sílaba tônica não for a última, deverão ter o acento agudo grafado. Exemplo: Mikuasosokába, Puimbyrýba, entre outros.

4. O "til", quando presente em qualquer sílaba, também funcionará como um marcador de sílaba tônica. Ex: Mokõia

5. Estão abolidos os acentos circunflexos, os quais marcavam as semivogais. Ex: "gûyragûasupába" grafar-se-á "guyraguasupába"

6. Está abolido o ' nas construções que usam a forma "ta". Exemplo: t'ereikó grafar-se-á "tereiko".

Costumes dos Tupis.

Artesanato e sua relação com a natureza

Os Túpiss faziam objetos utilizando as matérias-primas da natureza. Vale lembrar que índio respeita muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessário para a sua sobrevivência. Desta maneira, construíam canoas, arcos e flechas e suas habitações (ocas ). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cerâmica também era muito utilizada para fazer potes, panelas e utensílios domésticos em geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as cerimônias das tribos. O urucum era muito usado para fazer pinturas no corpo.
A arte plumária dos índios é muito desenvolvida. Em ocasiões especiais usam cocares, tangas, colares e pulseiras de penas de aves coloridas. Enfeitam também as armas com essas plumas. Merece destaque igualmente a pintura corporal. Nas festas e rituais, pintam o corpo com corantes vegetais para simbolizar um estado de espírito (alegria, tristeza, raiva etc.) ou a posição do indivíduo na tribo.


Divisão do Trabalho

Entre os Tupis-Guaranis não há classes sociais como a do homem branco. Todos têm os mesmo direitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos e quando um índio caça, costuma dividir com os habitantes de sua tribo. Apenas os instrumentos de trabalho (machado, arcos, flechas, arpões) são de propriedade individual. O trabalho na tribo é realizado por todos, porém possui uma divisão por sexo e idade. As mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Já os homens da tribo ficam encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das árvores.

Duas figuras importantes na organização das tribos são o pajé e o cacique. O pajé é o sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses. Ele também é o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças. Ele que faz o ritual da pajelança, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudar na cura. O cacique, também importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os índios.


O aprendizado das crianças

A educação dos índios Tupi-Guarani é bem interessante. Os pequenos índios, conhecidos como curumins, aprender desde pequenos e de forma prática. Costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o pai vai caçar, costuma levar o indiozinho junto para que este aprender. Portanto a educação indígena é bem pratica e vinculada a realidade da vida da tribo indígena. Quando atinge os 13 os 14 anos, o jovem passa por um teste e uma cerimônia para ingressar na vida adulta.


Rituais

São comuns os ritos de passagem, como as provas de coragem que permitem ao rapaz assumir as responsabilidades dos adultos e aproveitar dos privilégios dessa condição. As meninas também são submetidas a certas práticas que marcam sua passagem para a condição de mulher, apta ao casamento.

Aonde vivem os Tupis ?

A antiga e intensa política de ocupação dizimou a população indígena. 
Todavia, as populações desta etnia ainda mantém fortes indícios de unidade linguística e cultural, desenvolvendo sempre formas estratégicas relacionais diante das realidades nacionais com as quais são obrigados a conviver.

As populações guaranis contemporâneas vivem em pequenas reservas, acampamentos à beira de rodovias ou habitam, ainda, espaços geograficamente isolados. Suas principais atividades econômicas são a confecção e a venda de artesanato - cestaria com taquara e cipó, estátuas em madeira e colares com sementes nativas - a coleta de raízes, ervas e frutos silvestres e o plantio de suas sementes tradicionais.

"As tribos Tupis-guaranis são representadas na cor laranja (Nº29)"


Apesar da baixa populacional (comparada ao momento do contato), com exceção das áreas localizadas nos atuais estados do Uruguai e no centro da Argentina, onde não existem mais, os guaranis seguem mantendo a configuração de seus territórios no período colonial. A despeito do processo de extermínio que sofreram, estas populações vêm se recuperando demograficamente, constituindo uma das minorias que, invisibilizadas nos diversos contextos em que se encontram, têm de lidar com o problema do aumento demográfico nos regimes de confinamento impostos pelos estados nacionais.


Exemplos de influências da língua tupi na língua portuguesa contemporâne


O termo "capivara" procede do tupikapi'wara, "comedor de capim"
  • Topônimos: Paranaguá ("enseada do mar"), Iguape ("na enseada do rio"), Serjipe ("no rio dos siris"), Guaratinguetá ("muitas garças"), Tatuí ("rio dos tatus"), Paquetá ("muitas pacas"), Jacareí ("rio dos jacarés"), Araraquara ("toca das araras")
  • Nomes de plantas e animais nativos: jacaré, paca , capim , abacaxi, tatu , cutia , sabiá
  • Termos cotidianos: arapuca , cutucar , jururu , pindaíba , toró , socar , mutirão , capinar , pereba , mirim
  • dialeto caipira: a língua tupi, que era a língua habitual dos bandeirantes que ocuparam as regiões onde se fala atualmente o dialeto caipira, não apresentava alguns sons habitais da língua portuguesa, como os representados pelas letras f, l e r (de "rato", por exemplo) . Isso influenciou o atual dialeto caipira brasileiro. Por exemplo: o dialeto caipira se caracteriza pelo cutural (como em "porta", "carta") e pela substituição do dígrafo "lh" por "i", como em "palha", "milho", que se leem "paia", "mio". Nos dois casos, ocorreu uma adaptação da fonética portuguesa à fonética tupi.
Outro ponto em comum entre a língua tupi e o dialeto caipira é ausência de diferenciação entre singular e plural: abá, em tupi, pode significar tanto "homem" quanto "homens" e o dialeto caipira usa tanto "a casa" quanto "as casa".