Existe uma relativa abundância de registros históricos que
tratam da trajetória dos povos Tupis a partir da época de seus primeiros
contatos com os povos de origem europeia. Antes desse contato, os guaranis não
possuíam uma linguagem escrita: toda a sua história estava vinculada a uma
complexa forma de transmissão do conhecimento através da tradição oral.
Do
período anterior ao contato com a cultura europeia, sabe-se que eram sociedades
descentralizadas de caçadores e agricultores seminômades. Sua alimentação era
baseada na caça e coleta, bem como no plantio de diversas variedades de
vegetais, como mandioca, batata, amendoim, feijão e milho.
Habitavam casas comunais de dez a dezenove famílias. Como os
guaranis modernos, se uniam e organizavam-se em redes de parentesco que
compartilhavam perspectivas cosmológicas comuns.
De acordo com o missionário jesuíta Martin Dobrizhoffer,
alguns destes grupos praticavam antropofagia.
Nas primeiras décadas do século XVI, quando o processo
colonizador mercantilista ainda não havia compreendido com maior clareza a
geografia humana nativa no continente sul-americano, os indígenas, que
posteriormente seriam chamados, genericamente, de guaranis, eram conhecidos
como carijós no Brasil e cariós no Paraguai colonial. O termo guarani, que
significa guerreiro, passou a ser empregado a partir do século XVII, quando a
ordem tribal já estava bastante esfacelada por mais de cem anos de exploração
colonial, para designar um grande número de índios que viviam em aldeamentos
pertencentes a grupos falantes de idiomas da família linguística Tupi